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2Prognóstico

Publicado: Terça, 13 de Agosto de 2019, 11h11 | Última atualização em Sexta, 16 de Agosto de 2019, 23h49 | Acessos: 31

Módulo II - Hemorroidas

Prognóstico

Forma correta de citar esta página:

COSTA E SILVA, I.T. Hemorroidas. Prognóstico. Módulos de Coloproctologia. Disciplina de Cirurgia do Sistema Digestório, Órgãos Anexos e Parede Abdominal (CISDOAPA). Universidade Federal do Amazonas. Disponível em: <https://cisdoapa.ufam.edu.br/modulos/coloproctologia/modulo-ii/prognostico.html>. Acesso em: 16/8/2019.

   Não há estudos realmente amplos e de acompanhamento suficientemente duradouro de pacientes tratados de hemorroidas.

   Crises sintomáticas isoladas de sintomas hemorroidários costumam responder satisfatoriamente ao tratamento clínico. Sinal disto é o grande número de pacientes hemorroidários que se automedicam e deixam de procurar aconselhamento médico, movidos por uma série de barreiras que os impedem de assumir a conduta correta.

   Hemorroidas que apresentam sintomas mais pungentes e repetitivos, por outro lado, acabam vencendo as resistências que o paciente possa ter e levam-no a procurar auxílio médico.

   Os resultados do tratamento clínico não invasivo variam de acordo com a gravidade da doença hemorroidária apresentada pelo paciente. Hemorroidas não sintomáticas, descobertas ao acaso no exame físico do paciente, não requerem tratamento, talvez apenas aconselhamento quanto à dieta (evitar condimentos picantes, bebidas alcoólicas), ao ritmo e hábito intestinal (evacuar após o desjejum, não ler no banheiro, não forçar indevidamente a evacuação de fezes de pequeno volume, não usar papel higiênico) e ao efeito, sobre a região anal, de atividades que exijam grandes esforços físicos (evitar o aumento excessivo da força da prensa abdominal). Hemorroidas de 1º grau ou de 2º grau inicial que sangram em pacientes com constipação intestinal podem deixar de ser sintomáticas apenas com o amolecimento das fezes propiciado por uma dieta rica em resíduos ou com o emprego de medicações laxativas moderadoras do trânsito intestinal (à base de metilcelulose). O emprego de medicações vasotrópicas embora aparentemente pareça conferir alívio sintomático para alguns pacientes, não possui estudos controlados que justifiquem seu uso embasado em resultados objetivos. O mesmo ocorre com o uso de medicações de uso tópico. Hemorróidas externas trombosadas, em nossa experiência, são tratadas clinicamente com o emprego de antiinflamatórios não hormonais de uso oral ou retal e banhos de assento mornos. A grande maioria regride ao cabo de 3 a 4 semanas, algumas vezes deixando um plicoma como "reliquat", mas sem maiores conseqüências clínicas.

   Os resultados do tratamento clínico invasivo publicados na literatura em geral constam de diversas casuísticas com números relativamente pequenos de pacientes que comparam dois ou mais métodos de fixação mucosa entre si, em seguimentos não muito longos. De sua análise, pode-se depreender que, para hemorróidas sintomáticas de 1º grau e 2º grau inicial, tanto a escleroterapia, a ligadura elástica de hemorróidas, a fotocoagulação infravermelha como a destruição pela diatermia bipolar dão resultados igualmente satisfatórios, dependendo da perícia do executor do método e do volume do tecido hemorroidário tratado, pois, por exemplo, a estabilidade de anéis elásticos após a ligadura de pequenas hemorróidas não é adequada. Um tratamento clínico invasivo bem indicado e aplicado conferirá alívio sintomático por em média 3 anos. Se houver recidiva precoce dos sintomas, o mesmo método ou um dos outros existentes pode novamente ser aplicado, antes de se decidir pelo tratamento cirúrgico convencional. Para hemorroidas de 2º grau, a ligadura elástica tem conferido os melhores resultados obtidos na clínica, pois, além de causar a fixação da mucosa circunjacente, promove uma verdadeira mini-hemorroidectomia no paciente. A ligadura elástica de hemorroidas tem tornado assintomáticos até 80 % dos pacientes portadores deste grau de hemorroidas e seus bons resultados costumam perdurar por até 3 anos. Para hemorroidas de 3º grau inicial, há quem tente a ligadura elástica, muito embora os resultados satisfatórios com o método quedem-se para em torno de 50% dos casos e não sejam tão duradouros quanto os das hemorroidas de 2º grau. Coxins hemorroidários de terceiro grau, principalmente os avançados, e os de quarto grau são de tratamento cirúrgico convencional ou por meio tanto do procedimento para o prolapso de hemorróidas quanto pela THD.

   Hemorroidas excisadas adequadamente por uma das técnicas de hemorroidectomia convencional não retornam. Outras hemorroidas, no entanto, podem vir a se formar com o passar dos anos, à semelhança das originais. É bom que isto seja explicado ao paciente, pois o mesmo deve ser orientado a instituir hábitos que diminuam a tendência à formação de hemorroidas, conforme assinalado acima. É bem verdade, que não poderemos retirar a tendência inata do paciente ao desenvolvimento da doença hemorroidária ou desaconselhar uma gravidez numa paciente em idade fértil, mas ele e ela  devem ser orientados a evitar a constipação, controlar a diarreia, instituir um hábito intestinal saudável e evitar atividades e atitudes que possam ser potenciais formadoras de hemorroidas (halterofilismo, ficar na posição de cócoras por períodos prolongados de tempo, etc).

   Além da recidiva, as complicações mais freqüentemente encontradas no pós-operatório de hemorroidectomias convencionais são dor, retenção urinária, formação de plicomas, hemorragia reacional (ocorre nas primeiras horas de pós-operatório) ou secundária (ocorre no 7º- 10º P.O.), formação de fissuras anais, desenvolvimento de abscessos-fístulas e desenvolvimento de estenose.

   Os resultados iniciais do procedimento para hemorróidas prolapsantes (PPH) têm sido empolgantes principalmente no tocante à quase que ausência de dor no pós-operatório e ao retorno rápido às atividades funcionais. A preservação do tecido hemorroidário interno proporcionado pela técnica concorre para restaurar a estrutura anatômica do canal anal para o estado em que estava antes de ocorrer o descolamento dos coxins hemorroidários. Conjetura-se há certo tempo que a justaposição dos abaulamentos hemorroidários de um e de outro lado do canal anal forma um mecanismo valvular responsável pela continência "fina" do canal (para gases e fezes líquidas). A preservação dos coxins hemorroidários em sua posição natural, então, seria o objetivo a ser alcançado por técnicas que pretendessem curar a doença hemorroidária, sem mutilar anatomicamente o canal anal. Algumas complicações ligadas ao PPH, no entanto, têm sido descritas, tais como incontinência fecal de maior ou menor grau e duração, estenose retal e sepse perineal. Quanto à cura da doença hemorroidária, há necessidade de maior tempo de observação (uma vez que o procedimento não é antigo - foi apresentado em 1998) para sabermos se os resultados do PPH serão análogos aos da hemorroidectomia convencional. Apesar de haver relatos de recidiva mais precoce de prolapso após a técnica do PPH, estudo randomizado de 2013 demonstra que ao final de 3 anos os resultados da técnica são semelhantes aos da hemorroidectomia aberta.

   Já para a THD, muito embora tenha sido inicialmente preconizada por Morinaga em 1995, só mais recentemente passou a ser mais amplamente utilizada em associação com uma sutura de suspensão da mucosa "prolapsada". Por ser técnica facilmente aprendida, tem sido amplamente utilizada, sendo responsável por pós-operatórios praticamente indolores e com resolução, pelo menos a curto prazo, do prolapso hemorroidário. O procedimento ainda se encontra em investigação quanto às suas vantagens em relaçao ao PPH e à hemorroidectomia convencional. (Song & Kim, 2011)

 

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