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7Incidência

Publicado: Terça, 13 de Agosto de 2019, 18h46 | Última atualização em Domingo, 18 de Agosto de 2019, 18h04 | Acessos: 28
VII - Doenças Inflamatórias Intestinais - Doença de Cröhn

Forma correta de citar esta página:

COSTA E SILVA, I.T. Doenças Inflamatórias Intestinais: Doença de Cröhn. Incidência. Módulos de Coloproctologia. Disciplina de Cirurgia do Sistema Digestório, Órgãos Anexos e Parede Abdominal (CISDOAPA). Universidade Federal do Amazonas. Disponível em: <https://cisdoapa.ufam.edu.br/modulos/coloproctologia/modulo-vii/incidencia-7.html>. Acesso em: 16/8/2019.

Incidência

   O estudo da real incidência da DC na população possui alguns óbices difíceis de serem contornados. O principal deles talvez seja a grande semelhança e por vezes indistinção que alguns casos da doença possuem em relação à Retocolite Ulcerativa Idiopática (RCUI), apesar das tentativas clínicas e laboratoriais exaustivas em diferenciá-las. A grande prevalência de diarreia infecciosa na população de países com sistemas de saúde precários e a dificuldade operacional e logística de levantamento de dados estatísticos confiáveis observada em países emergentes são óbices adicionais de importância.

   Durante as três últimas décadas, a DC do intestino grosso tem sido cada vez mais diagnosticada, mas este fato provavelmente não reflete um aumento na incidência da afecção neste segmento do tubo intestinal, mas sim uma melhora dos recursos diagnósticos de que se dispõe para diferençá-la da RCUI.

   Não parecem influir na epidemiologia da DC fatores socioeconômicos.

Fatores Genéticos

   A DC é mais comumente encontrada em irmãos de pacientes portadores de DC do que na população geral. Já se atribuiu um risco 17 a 35 vezes maior da DC se desenvolver em irmãos de pacientes com a afecção do que na população geral.  Atualmente considera-se que esta característica genética é muito mais marcante para a DC do que para a RCUI.
   Na Suécia, verificou-se que 8 de 18 duplas de gêmeos monozigotos apresentaram concomitantemente DC, ao passo que apenas uma dupla em 16 de gêmeos monozigotos apresentou RCUI. Apesar de tais números impressionantes em relação à DC, o índice de concordância da doença, mesmo em gêmeos homozigotos é significativamente menor do que 100%. Isto aponta para a importância de outros fatores na tendência de desenvolver DC que indivíduos geneticamente propensos possuem.

   As chances de marido e mulher, sem laços de consanguinidade, desenvolverem DC é muito maior do que as chances de apresentarem RCUI, provavelmente apontando para o fato de que a doença possa ter a mesma origem exógena.

Importância Geográfica

   A DC é comumente observada nas populações que habitam o noroeste da Europa e a América do Norte, sendo muito menos descrita nos países mediterrâneos. É incomum na maior parte da África, Ásia e América do Sul, sendo mais descrita, nestas regiões, em países cuja colonização foi britânica ou nórdica. No Reino Unido, diversos estudos apontam para uma incidência que varia entre 0,3 a 5,3 casos novos da doença por 100.000 habitantes por ano e uma prevalência de 9 a 56 casos da doença por 100.000 habitantes, em diversas regiões das ilhas. Na América do Norte, da mesma forma, a incidência da afecção varia entre 0,7 e 6,6/100.000, enquanto que a prevalência de 6,3 a 106/100.000.

Sexo e Idade

   A DC costumava apresentar uma tendência de afetar ligeiramente mais mulheres do que homens, numa proporção de 3:2, mas ultimamente vem sendo descrita em proporção idêntica em ambos os sexos. Pode ser encontrada em qualquer faixa etária, mas a grande maioria dos casos é observada entre os 15 e 35 anos de idade.

Diferenças Étnicas

   Nos EUA, a DC incide menos em indivíduos da raça negra do que em caucasianos. 

   Judeus são notoriamente mais propensos a desenvolver a doença do que os gentios nos locais onde geograficamente a afecção é mais encontrada. Em Israel, no entanto, a DC é menos comum do que nas populações brancas dos EUA e noroeste Europeu. Judeus Ashkenazi residentes em Israel têm uma proporção maior de desenvolver a DC caso tenham nascido nos EUA ou na Europa. O inverso ocorre com judeus autóctones ou não-Ashkenazi em Israel. Parece então que os judeus que apresentam maior suscetibilidade para a DC possuem-na mais por razões ambientais do que genéticas.

Diferenças Urbanas e Rurais

   A DC foi descrita como sendo mais comum em indivíduos que moram em cidades do que nos que vivem em ambiente rural. Para doentes com RCUI, este quesito não exerce tanta influência. Há estudos multicêntricos em andamento procurando aclarar tal tendência epidemiológica.

Dieta

   Parece que indivíduos que costumam ingerir dietas pobre em fibras e rica em açúcar refinado estão mais propensos a desenvolver a DC.

Tabagismo

   Embora inicialmente se achasse que o tabagismo expusesse pacientes geneticamente propensos a desenvolver a DC a um maior risco de expressá-la, hoje aceita-se que o vício não influi na manifestação da moléstia. 

Curva Ascendente da Incidência

   Tem-se observado nos últimos 50 anos uma tendência aumentada para o aparecimento de casos novos diagnosticados tanto de DC quanto de RCUI em países onde estas DII mais incidem (Reino Unido, países nórdicos e América do Norte). Mas, aparentemente, esta curva ascendente chegou a um patamar na década de 80 e estabilizou-se.

 

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