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6Etiopatogenia

Publicado: Terça, 13 de Agosto de 2019, 18h24 | Última atualização em Domingo, 18 de Agosto de 2019, 16h43 | Acessos: 27

VI - Doença Pilonidal

Forma correta de citar esta página:

COSTA E SILVA, I.T. Módulo VI: Doença Pilonidal - Etiopatogenia. Módulos de Coloproctologia. Disciplina Cirurgia do Sistema Digestório, Órgãos Anexos e Parede Abdominal. Universidade Federal do Amazonas. Disponível em: <https://cisdoapa.ufam.edu.br/modulos/coloproctologia/modulo-vi/etiopatogenia-6.html>. Acesso em: 18/8/2019.

Etiopatogenia

  No início considerada doença de origem puramente congênita, hoje acredita-se que a afecção incida em pacientes que, de forma adquirida, apresentam orifícios no sulco interglúteo, que, com frequência, apresenta-se deprimido, como se fora uma cova (cavidade, recesso) cutânea na região sacrococcígea. Tais orifícios são a expressão de folículos pilosos de dimensões anormalmente aumentadas. Imagina-se que a gravidade e o movimento de fricção de uma reflexão glútea sobre a outra exerçam tração sobre o folículo, tendendo a distendê-lo. Bactérias, restos celulares e outros resíduos presentes na região adentram nesta área até então estéril, produzindo inflamação local. Segue-se edema, que acabará por ocluir o seu óstio e o folículo piloso distendido findará rompendo-se para o exterior, dando saída a queratina e pus, formando-se, no local, um microabscesso por reação de corpo estranho, muito semelhante ao que ocorre numa foliculite perfurante. O microabscesso drena para o orifício primário do cisto pilonidal. Quando o material purulento é mal-drenado pelo orifício primário, o pus acaba dissecando trajetos no tecido celular subcutâneo sacrococcígeo, produzindo abscessos pilonidais agudos e crônicos, que podem terminar drenando para o exterior por meio de um ou mais orifícios secundários. Este processo supurativo não consegue romper-se para o exterior pela linha média em virtude dos septos fibrosos pré-sacrais existentes na região. Forma, então, trajetos  subcutâneos secundários que terminam por drenar lateral e cranialmente, geralmente à esquerda da linha média. 

   Os pelos exercem três papéis distintos na gênese da doença pilonidal sacrococcígea. O primeiro é desempenhado pelo folículo piloso sacrococcígeo distendido, cujo pelo não está solto como os demais observados na doença, podendo permanecer no folículo durante sua expansão. Este pelo contribui para a inflamação local após a rotura do folículo, podendo inclusive perfurar a parede posterior do folículo, acentuando a formação do microabscesso. O segundo papel dos pelos na doença pilonidal é o desempenhado por pelos soltos oriundos de outras partes do corpo (tão distantes quanto a nuca), agindo como invasores secundários. Os pelos, assim acumulados, emaranham-se, assumindo o formato de um fuso capilar (pela ação de fricção da pele de uma nádega sobre a outra), que, como se fora uma broca, acaba penetrando pelo orifício primário, em sentido cranial, instalando-se no tecido celular subcutâneo, contribuindo para a acentuação da reação de corpo estranho. Os pelos sacrococcígeos presentes na vizinhança do folículo doente exercem o terceiro papel dos pelos na gênese da doença pilonidal. Tais pelos agem mecanicamente irritando a pele local, dificultando a cicatrização. É na doença pilonidal avançada que se observam os três papéis dos pelos presentes na região sacrococcígea, sejam eles autóctones ou de outras regiões do corpo. Na doença assintomática ou inicial, só o pelo do folículo piloso sacrococcígeo distendido costuma exercer influência na gênese da doença pilonidal local.

   É interessante saber que são as raízes dos pelos que penetram a pele pelo orifício primário e não suas pontas (como se poderia inicialmente pensar), uma vez que as primeiras é que são encontradas nas profundezas das cavidades císticas pilonidais, enquanto que as últimas podem ocasionalmente ser observadas despontando dos orifícios primários dos cistos, na pele da região pós-anal. Explica-se esta tendência pela conformação anatômica dos pelos e cabelos, que são formados por escamas de extremidades cranialmente salientes, dispostas, de maneira ordenada, umas sobre as outras, em inserção oblíqua. Tal disposição oblíqua das extremidades salientes das escamas dos pelos faz com que eles migrem no sentido de suas raízes, ao serem rolados sobre seu eixo longitudinal, por fricção de uma nádega sobre a outra, por assim oferecerem menor resistência ao movimento. Tal fato pode facilmente ser entendido por analogia rolando-se um cabelo solto entre as polpas digitais do polegar e do dedo indicador de uma das mãos: tal movimento de fricção fará com que o elemento capilar mova-se no sentido de sua raiz.

 

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