10Complicações
X - Estomas Intestinais - Noções |
Complicações |
Forma correta de citar esta página: COSTA E SILVA, I. T; PEREIRA, R. E.; CARDOSO, M. V. C.; MEDEIROS, D. B. Módulo X: Estomas intestinais - Noções. Complicações. Módulos de Coloproctologia. Disciplina de Cirurgia do Sistema Digestório, Órgãos Anexos e Parede Abdominal. Universidade Federal do Amazonas. Disponível em: <https://cisdoapa.ufam.edu.br/modulos/coloproctologia/modulo-x/complicacoes-10.html>. Acesso em: 16/8/2019. |
Para a confecção de um estoma viável, deve-se levar em consideração todos os princípios de uma boa anastomose, como ausência de tensão, de sinais de isquemia e necrose. Ainda assim e apesar dos avanços na técnica cirúrgica e estomaterapia, várias são as complicações ligadas à construção de estomas, sendo a dermatite a mais freqüentemente relatada. Estas complicações podem ser classificadas de acordo com o prazo em que aparecem, podendo ser: precoces, quando ocorrem em até um mês após a intervenção cirúrgica (por exemplo, dermatite periostomal, vazamento, alto débito, isquemia, necrose e retração); ou tardias, quando surgem após o primeiro mês de P.O. (por exemplo, hérnia paraestomal, prolapso, obstrução e estenose).
A necrose ocorre no P.O. imediato em geral devido a um preparo inadequado da arcada vascular da alça a ser exteriorizada que fica privada de sua perfusão sanguínea. Uma outra causa é a compressão circular promovida por um trajeto de exteriorização pela parede abdominal muito estreito, que termina por estrangular a alça. Dessa forma, pacientes que foram submetidos a estomias de emergência e obesos estão mais susceptíveis à esta complicação.
A retração é o escorregamento da alça de volta para o interior da cavidade abdominal e se deve principalmente a alças exteriorizadas sob tensão por conterem um meso curto. Pacientes obesos são propensos a este tipo de complicação, pois o túnel de exteriorização da alça na parede abdominal tende a ser muito longo, maior do que a distância que o meso consegue alcançar. Quando a retração é total pode ser chamada de afundamento ou desabamento do estoma.
A infecção da pele periestômica, em geral contornável com medidas clínicas simples mas proativas, pode assumir proporções catastróficas descolando o estoma de seu sítio de exteriorização e provocando fleimões de parede abdominal. Geralmente são causadas por contaminação do trajeto de exteriorização da alça na parede abdominal, podendo assim serem evitadas com a adoção de técnicas cirúrgicas assépticas. Manifestam-se sob a forma de abscessos, fleimões e fístulas.
O sangramento pelo estoma, quando de aparecimento precoce no pós-operatório, geralmente se deve a traumatismos superficiais da mucosa estômica exposta. É de fácil manejo. Mais alarmantes são os sangramentos devidos a lesões traumáticas do meso nutridor da alça exteriorizada ou da parede abdominal no túnel de exteriorização do estoma.
Edema do estoma é uma ocorrência comum no pós-operatório e se deve à construção de orifícios de exteriorização estreitos e ao comprometimento do retorno venoso do estoma. Está associado à fase inflamatória do processo de cicatrização e, em geral, regride na 1ª semana de P.O. Quando muito acentuado, pode ser um estágio inicial da necrose do estoma, além de ser um fator obstrutivo, sendo necessária nova intervenção.
Prolapso de estomas, em geral, ocorrem mais em estomas em alça, em especial nas transversotomias, em que a alça acometida é a eferente, e se caracterizam pela eversão de segmentos intestinais de comprimento variável, podendo chegar a vários centímetros, às vezes mais de 20 cm. Ocorrem em decorrência da falta de fixação ou de fixação deficiente da alça exteriorizada e seu meso ao peritônio parietal no interior da cavidade abdominal. É comum que prolapsos de estoma estejam associados a hérnias do estoma.
Nas hérnias para ou peri-estomais ocorre saída do conteúdo abdominal (omento, intestino delgado, colo) pelo trajeto de exteriorização do estoma na parede abdominal quando este é amplo ou por ter-se alargado com a passagem do tempo. Pessoas obesas, idosas e as com síndrome consuntiva estão mais propensas à complicação, que surge por aumento da pressão intra-abdominal ou por fraqueza da parede abdominal. As hérnias para-estomais também podem-se dever ao emprego de uma técnica cirúrgica inadequada.
A estenose desenvolve-se paulatinamente e manifesta-se clinicamente em torno do 3º mês da operação. Era mais comum nos estomas que eram deixados expostos para maturarem tardiamente (por segunda intenção). Ocasionalmente, em estomas maturados precocemente também pode ocorrer estenose por retração associada a isquemia, por tração excessiva causada por um meso curto ou por doença inflamatória intestinal recorrente.
As dermatites (eritema, erosões e úlceras) periestomais devem-se ao contato dos resíduos digestivos com a pele. São em geral mais graves em torno de ileostomias e colostomias direitas do que em colostomias esquerdas. O efluente ileal é alcalino e rico em enzimas, o que o torna marcadamente irritativo para a pele. As dermatites periestômicas ocorrem por inadequação dos dispositivos de contenção dos resíduos digestivos (bolsas de ileostomia e de colostomia e acessórios). Na vigência de uma das outras complicações acima, pode-se instalar a dermatite em torno do estoma por desajuste entre ele e o dispositivo de contenção de excretas. Uma dermatite pré-existente, nestes casos, pode agravar-se. |
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